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Centenário da Fábrica de Louças Santa Catharina

Há pouco mais de 2 meses, fez 100 anos a primeira experiência de fabricação de louça de pó de pedra de uma das maiores e principais fábricas de louça do Brasil, do período pioneiro desta indústria em nosso país. E o que foi feito para comemorar ou relembrar data tão importante? NADA!



Em 14/11/1913 Romeu Ranzini (fundador da fábrica), Giuseppe Zappi (técnico ceramista) e Giovanni Miniati (decorador) assinaram coletivamente este pires decorado à mão, testemunho desta primeira experiência bem sucedida da fábrica da Água Branca.

[fonte: PILEGGI, Aristides. Cerâmica no Brasil e no Mundo, ed. Martins Fontes, São Paulo, 1958]


Encerro esta postagem com a foto abaixo, de uma malga que apresenta uma pintura com alguns pontos de similaridade com o pires acima, e que está carimbada com uma marca que se acredita ser das primeiras usadas.

malga média, de consumo individual
Fábrica de Louças Santa Catharina São Paulo - SP
louça de pó de pedra decoração à mão livre
1913+
coleção site Porcelana Brasil

Fábio Carvalho e Oficina da Formiga

Nunca pensei que iria um dia fazer uma postagem sobre mim mesmo neste blog, e na verdade, preferia mesmo nunca fazê-lo, para não correr o risco de parecer narcisista. Mas acontece que no final de 2013 eu tive a incrível oportunidade de fazer uma Residência Artística na Oficina da Formiga, uma cerâmica que fica em Ílhavo, Portugal, criada em 1992 por Jorge Saraiva, e me dá imenso prazer poder compartilhar esta experiência única com meus seguidores.


Jorge Saraiva - foto: Oficina da Formiga

Fábio Carvalho - foto: Oficina da Formiga

Nesta residência eu pude aprender e explorar com o Mestre Jorge Saraiva as técnicas e métodos portugueses tradicionais da pintura com estampilha (estanhola, stencil ou molde vazado) em faiança sobre peça chacotada com vidrado cru, surgidas no século XIX, e há muito desaparecidos, não mais adotados nas indústrias com produção em larga escala. A Oficina da Formiga é uma das poucas cerâmicas, senão a única, que de forma corajosa preserva e dá continuidade a estas técnicas.

Fábio Carvalho e Jorge Saraiva abrindo as estampilhas.
 foto: Oficina da Formiga
Depois desta experiência passei a ter ainda mais respeito e admiração pelo trabalho dos mestres do passado. Mesmo hoje em nossos dias, com tantos aparatos tecnológicos, fornos elétricos de temperatura constante e bem controlada, pigmentos, vernizes e vidrados industriais com precisão de laboratório, materiais especiais para confecção das estampilhas, é sempre um enigma e uma surpresa o que vai sair dos fornos. Imaginem no tempo em que tudo era mais precário e intuitivo.


foto: Oficina da Formiga
Abaixo, deixo-lhes algumas das peças que produzimos, a partir de dois conjuntos de estampilhas criadas por mim, e devidamente retificadas pelo Jorge Saraiva, e abertas por nós com ajuda da Milú, esposa e colaboradora de Jorge.

Em tempo: todas as bordas usadas nos medalhões são do acervo da Oficina da Formiga, e são padrões tradicionais da faiança portuguesa, caprichosamente recuperados pelo Jorge Saraiva. Nestas eu fiz modificações de cor de forma a dialogarem melhor com os soldados no centro da peça.





série Medalhão Monarca
faiança vidrada e policromada à mão com uso de estampilhas criadas pelo artista
2013 | 31 cm (d) cada 

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