foto: Daniel Derevecki
Os fabricantes nacionais de porcelana estão declarando guerra aos produtos chineses que entram no Brasil com preços até 60% mais baixos.
Mas o custo do produto não é o motivo da briga, e sim o alto teor de chumbo que a porcelana asiática concentra, muito além do permitido pela legislação brasileira.
Representantes do setor se reuniram ontem em Curitiba para decidir se entram na Justiça contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o órgão fiscalize a entrada desses produtos no País.
De acordo com presidente do Sindilouça-PR, José Canisso a própria Anvisa é quem regula a legislação que trata no teor de chumbo nesses produtos, que não pode passar de 0,8%.
"A Anvisa é rigorosa quando nós exportamos, mas não aplica a mesma rigidez na entrada desses produtos no País. José Canisso, presidente do Sindilouça-PR."
No entanto, testes encomendados por entidades do setor de louças, porcelanas e vidros ao Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e o laboratório SCG do Brasil comprovaram que os índices estão bem acima do permitido, chegando, em alguns casos, a até 5%. Os resultados desses exames foram encaminhados à Anvisa.
Segundo ele, o setor quer que a fiscalização seja feita e que os produtos importados passem obrigatoriamente a apresentar laudos de laboratórios credenciados internacionalmente na entrada no País. O sindicalista não nega que a mobilização também tem relação com a proteção de mercado, e ressalta que além da saúde pública, o problema é social.
O setor gera mais de 30 mil empregos no Brasil, sendo que só na região de Campo Largo, onde ficam as maiores produtoras de cerâmica da América Latina, são seis mil empregos diretos e o dobro de indiretos. É muita gente trabalhando em todas as empresas, e todos dependem do crescimento do setor, ponderou. Só na região de Curitiba são produzidos 450 milhões de peças por ano, e 35% vão para o exterior.
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) indicam que as importações de conjuntos de jantar, café e chá de porcelana saltaram de US$ 2,7 milhões no primeiro trimestre de 2007 para US$ 4,1 milhões no mesmo período deste ano.
A China lidera as importações, e de janeiro a março deste ano mandou para o Brasil cerca de US$ 4 milhões de aparelhos de cerâmica.
Anvisa aponta inconsistência
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, através de sua assessoria de imprensa, que recebeu do Sindilouça do Paraná, em maio deste ano, laudos sobre a presença de chumbo em pratos de porcelana chinesa, e considerou o material inconsistente. Isso porque, não apresentava a identificação do laboratório que fez as análises, tampouco a quantidade amostrada, período e local onde as peças analisadas foram recolhidas.
Mesmo assim, a Anvisa informou que por medida de precaução e proteção da saúde da população brasileira, irá propor atualização da legislação nacional que trata de embalagens e equipamentos de vidro e cerâmica em contato com alimentos. (RO)
Produção concentra processos artesanais
A porcelana é composta por 16 produtos - sendo a maior concentração de argila, areia de quartzo, caulim e feldspato -, que são misturados com água em moinhos onde ficam em descanso por cerca de 50h.
A segunda etapa do processo consiste em filtrar o material e retirar a unidade e o ar. Após quinze dias a massa resultante da mistura está pronta para iniciar o processo de moldagem das peças.
Dentro de formas, as peças passam pela primeira queima, em fornos que atingem temperaturas superiores a 800 graus. Esse processo dura 16h.
Após receberem uma camada de esmalte, as peças seguem para outro forno, que passa de 1.300 graus, por mais 18h.
Na fábrica da Germer, em Campo Largo, considerada uma das maiores do Brasil, onde são produzidas 900 mil peças por mês, entre 65% a 70% da produção é branca. O restante recebe alguma decoração cujo preço final acresce cerca de 40%. (RO)
Indústria nacional de porcelanas reclama da concorrência externa
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